quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Coisas acontecem e fazem a gente refletir.


Duas vidas terminadas em menos de 10 horas de distância entre uma e outra.
A primeira de alguém um tanto quanto próxima, porém já esperada, pela idade avançada e pelos problemas de saúde em que a pessoa se encontrava. Talvez não só por esse motivo, mas pela idéia de morte natural, ser realmente natural, não há fuga disso!
A segunda de uma pessoa que eu nunca vi em minha vida, mas que apesar disso, mexeu MUITO comigo. A vida dessa pessoa não foi natural de forma alguma, ela foi tirada de maneira trágica, porém foi talvez a última tentativa de se tornar uma pessoa feliz: suícidio.

Sim, digo isso e repito, talvez essa tenha sido uma última tentativa de se tornar feliz.

Essa pessoa era incrível pelo que todos, que já tiveram o menor contato com ela que seja, disseram a respeito. Porém, como pode ser visto pelos seus próprios escritos, se sentia extremamente sozinha, apesar de estar sempre rodeada de pessoas de vários tipos (frutos de sua profissão).
Fiquei transtornada pela forma como a pessoa retirou a própria vida, porém não a recrimino por isso.

Pensei muito nisso tudo hoje (e vou continuar pensando durante um longo tempo) e achei estranho por a morte de um desconhecido ter me afetado tanto, enquanto que a de um próximo não teve o mesmo efeito.

A verdade é que me identifiquei com o desconhecido.
Não é de hoje que eu venho tendo alguns pensamentos, por assim dizer, estranhos.
Não que eu vá cometer qualquer ato parecido, mas eu tenho pensado muito na vida e no futuro.
Ultimamente tudo que penso é: Para que fazer tudo que eu faço? Para que me esforçar tanto? Será que isso valerá a pena no futuro?
E então me deparo com um escrito feito como se fosse uma despedida (e o que realmente se tornou): "E hoje às seis da manhã eu estava de pé de novo. Para quê?"
Dentre tantas outras frases e textos, a pessoa demonstrava o quão sozinha se sentia. E de um tempo pra cá, por motivos que não vêm ao caso, tenho me sentido extremamente sozinha também, pensando em como será no futuro, se vou ter pessoas me acompanhando ou não. O mais estranho é que há um tempo atrás, eu não dava a mínima pra isso tudo. Sozinha eu era feliz. Talvez porque eu ainda não tivesse pensado tanto num futuro distante ou mesmo no sentido da vida.
Sentido da vida... afinal o que é viver?
Acredito que seja buscar a felicidade plena, mas sendo feliz na trajetória.
Pela minha própria definição de vida, ultimamente, me pergunto se vivo.

Voltando à pessoa... será que se ele não se sentisse tão sozinho não teria sido tudo de outra forma? Será que se ele soubesse o quão importante era para as pessoas não tivesse sido de outra maneira?
Será que quem se sente assim só tem uma forma de fugir disso? 
Será que tudo pode mudar?

Acho que agora eu enxergo o motivo de ter ficado tão inconformada com a morte do desconhecido. 
Eu penso igual a ele e tenho as mesmas dúvidas.
E além disso, tenho medo de na idade dele estar na mesma situação.
Acho que essa é a verdade.

Um comentário:

  1. Me chocou a morte desse desconhecido, tanto que tive que pesquisar sobre. Era um professor universitário?
    Era um solitário? Triste?
    Não sei, mas receio que sim, porque do contrário não teria ele dado esse último passo fatal, em busca de uma última cura, do descanso final.
    Vou ser sincera: um dia desses parei pra pensar no futuro, mas parei mesmo. E chorei, me angustiei e quase me desesperei.
    Pensei em como seria, pensei em como poderia ser um futuro promissor se ainda não me livrei da covardia?, pensei em como estaria, se teria alguém junto a mim, se eu teria alguém pra compartilhar da minha vida... Aliás, se teria algo a ser compartilhado. E parei de pensar, dormi. Tive medo de pensar demais e a agonia, a angústia e a desesperança que já vivem em mim triplicassem de tamanho e importância, a tal ponto de verdadeiramente eu não ver mais sentido em viver.
    Nada faz sentido, mas, mesmo sem sentido, sem razão e explicação, há o sentir que a ação, que o exercício do sonho nos proporciona no íntimo.
    O que sentimos ao viver é o que vale a pena.
    E vivamos, driblando as dores, as incertezas e a solidão. Vivamos, porque acho que é a única e a principal coisa que nos resta.

    Beijo, Mi.

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