Sobre balas e vidas perdidas

Sabe aquele tipo de garoto que todas as meninas gostariam de ter como namorado e todos os meninos gostariam de ter como melhor amigo? Lindo, carinhoso, inteligente, companheiro pra todas as horas? Assim era Jack.
Um garoto que, apesar de lindo, cosquistava as pessoas por sua beleza interior, era dedicado a fazer as pessoas felizes, ajudava todo mundo, mesmo quem não conhecia. Apesar dos 23 anos, era o bebê da mãe (mães, todas iguais!). E como amigo, ahhh, ele era o melhor, sempre brincalhão, mas sério nas horas tristes.
Adorava se exercitar, jogava vôlei na praia, futebol na rua, basquete nas quadras, sempre com os amigos ao lado; e olha que ele tinha muitos amigos, nunca se sentia sozinho, se sentia o garoto mais sortudo de todo o mundo por fazer amizades novas por onde quer que passasse. Cativar as pessoas era uma das coisas que ele sabia muito bem como fazer! Parece que só dele sorrir, as pessoas já sentiam vontade de sorrir junto.
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Ele amava caminhar pelo calçadão da praia aos fins de tarde, pra ver aquele céu azulzinho, ficando colorido no horizonte. Até que um dia numa dessas suas caminhadas, ouve-se um barulho e, de repente, parece que tudo fica em câmera lenta e sua vida passa diante de seus olhos, até cair inconsciente num dos lugares que ele mais gostava no mundo.
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Jack abriu os olhos e viu tudo branco, era o teto, tentou se virar no que parecia uma cama, onde estava deitado, mas não conseguiu nem ao menos virar o pescoço para olhar ao seu redor. Virou, então, os olhos e viu ao lado da cama sua mãe chorando, até que ela percebeu que ele tinha acordado.
- Doutor, meu filho acordou, doutor - disse ela berrando, e virou-se para Jack com lágrimas escorrendo de seus olhos inchados de tanto chorar - óóó meu filho, meu bebê...
Ele quis perguntar o que havia acontecido, o porquê dele estar ali, mas simplesmente não conseguia, Jack não conseguia movimentar um músculo e apesar de parecer estar ali deitado há muito tempo, ele se sentia cansado e com vontade de dormir mais e mais.
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Os familiares e amigos de Jack não se conformavam com o ocorrido e a situação piorou depois de alguns exames que foram aplicados a Jack depois que acordou.
- Bem... é horrível dizer isso, ainda mais que seu filho é um garoto tão novo, com porte atlético e tudo mais... Mas... o tiro pegou num lugar crítico, que fará com que seus movimentos não voltem, talvez um dia, ele consiga voltar a falar, mas também não temos certeza disso. Ele ouve tudo o que dizemos, mas provavelmente não entende nada. É muito triste ter que dar essa notícia a vocês, mas ele ficará vivendo numa cama de hospital ligado a aparelhos por toda a vida! - disse o médico aos pais de Jack que já não tinham mais lágrimas para chorar.
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Sim, ele viveria assim pra sempre, o erro do médico foi dizer que Jack não entendia o que diziam a ele, pois ele entendia sim, e seus pais acreditavam nisso, por isso disseram a ele tudo que o médico lhes disse. Ele já não sabia mais o que pensar, sua vida seria assim então? Ele viveria preso a uma cama sem ao menos conseguir falar?
Isso para ele era como a morte, quantas vezes Jack já não tinha ido com a mãe ao cemitério, visitar o túmulo da avó, conversavam com a vovó e obviamente ela não respondia. Agora era ele quem não iria responder. "Então a morte é assim? Não me parece escura." - pensou ele, sem mais forças para lutar.
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Dias foram passando e Jack piorava, para ele, seu corpo já estava morto; e realmente estava. A solução era a eutanásia, mas seus pais sofriam ainda mais com essa idéia. Jack não aguentava mais ver sua família e seus amigos chorando quando iam visitá-lo. E tudo que ele mais queria, era ter os aparelhos desligados, mas não tinha como falar isso para ninguém apenas abrindo e fechando os olhos!
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Até que depois de um cansativo dia de visita, onde ele ficou sabendo de tudo o que estava acontecendo na vida de seus amigos e familiares, tudo contado por Carl, seu amigo de infância considerado da família; Jack lembrou de como era sua vida antes da maldita bala perdida que o atingiu exatamente no momento do dia em que ele se sentia tão feliz com uma coisa tão simples como ver o céu; então, fechou os olhos para descansar e nunca mais os abriu.
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Ninguém está livre das brutalidades desse mundo, pense nisso ;D

Dedicado a todas as pessoas que já perderam alguém especial dessa maneira.

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Escrito com base no filme "Menina de Ouro"